segunda-feira, 23 de abril de 2012

Enganos e Verdades



"Já me enganei sobre muitas pessoas e também me enganei sobre mim mesma.
Já disse nunca mais e fiz tudo de novo.
Já pensei que fosse pra sempre e nem percebi quando acabou.
Sim, errei muito e erro sempre. Machuco quem não deveria e me decepciono com aqueles que eu mais amo.
Já escrevi e não mandei, já disse te amo quando deveria dizer ‘te quero bem’ e já quis dizer te amo e no lugar disse apenas ‘eu gosto de você’ .
Sei exatamente o que quero fazer daqui a 10 anos, mas não sei que roupa vou colocar amanhã. Não lembro o que comi ontem, mas lembro exatamente de cada palavra de carinho que já ouvi.

Sinto saudade do que não tive, sinto falta até mesmo de quem esta perto de mim. Posso amar sem ser notado, posso morrer de ciúmes e mesmo assim conseguir sorrir. Posso esquecer quem me deixou triste; mas não esqueço jamais de quem me fez feliz".



Desconheço o autor do texto acima, mas concordo com suas palavras, elas refletem minha vida e meus atos também. Acredito que este texto deve descrever muitas pessoas. Eu me identifico muito com tudo isso... 
Quem nunca passou por enganos e desenganos, encontros e desencontros?... Quem conhece a verdade e tem certeza dela? Eu ainda tenho muitas dúvidas e inseguranças... mas já aprendi  muito com a vida...
E por isso, posso complementar o texto com o seguinte:

A verdade, é que muitos sabem quem você é, poucos te conhecem, mas somente os melhores conhecem e entendem sua alma e o que se passa em seu coração. (DSS)




terça-feira, 10 de abril de 2012

Decisões

Decisões, por vezes tão fáceis de ser tomadas, por outras, nos trazem tantas dúvidas e inseguranças.
Mas o pior de tudo é a sensação de ter tomado a decisão errada, uma decisão que mudou a sua vida completamente, uma decisão irreversível. A certeza de que tudo jamais voltará a ser o que era, incomoda. A impressão de ter jogado o melhor pela janela é perturbadora.
Entretanto, esta mesma inquietação nos traz uma nova pergunta, nos exige uma nova decisão: e agora? O que é o melhor a fazer? Continuar tentando, resistir um pouco mais (como diz minha melhor amiga), ou retornar e tentar retomar do ponto em que se parou (sabendo que isto, na realidade, é praticamente impossível), qual é o melhor caminho? E se novamente errar?
Neste momento, a emoção grita para que retorne e tente, enquanto a razão diz: resista um pouco mais, pode ser apenas uma impressão errada, uma visão distorcida da situação, de tempo ao tempo. E então, se recorda que esta decisão que hoje causa tanta inquietude foi tomada de ímpeto e pela emoção. Destarte, para quem sempre foi extremamente racional, parece que se chega a uma conclusão plausível, seguir novamente a razão. Contudo mesmo assim, a confusão persiste e abespinha.




(Daiane de Souza Santos)


Profissão Economista...

Para conhecimento



Para conhecimento...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Os Gaúchos por Arnaldo Jabor


O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil . Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.
Começa que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia. Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate em vez de café. Mas o mais original de tudo é a personalidade forte do gaúcho. A gente rigorosa do sul não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral, como cariocas e baianos. Em lugar do calorzinho da praia, o gaúcho tem o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado à unha dos espanhóis.
Há quem interprete que foi o desamparo diante desses abismos horizontais de espaço que gerou, como reação, o famoso temperamento belicoso dos sulinos.
É uma teoria - mas conta com o precioso aval de um certo Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Veríssimo que recebia seus pacientes de bombacha e esporas, berrando: "Mas que frescura é essa de neurose, tchê?"
Todo gaúcho ama sua terra acima de tudo e está sempre a postos para defendê- la. Mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta.
Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo). E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço. Ou seja, saber laçar novilhos à moda gaúcha, que é diferente da jeito americano, porque laço é de couro trançado em vez de corda, e o tamanho da laçada, ou armada, é bem maior, com oito metros de diâmetro, em vez de dois ou três.
Mas por baixo do poncho bate um coração capaz de se emocionar até as lágrimas em uma reunião de um Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, criados para preservar os usos e costumes locais.
Neles, os durões se derretem: cantam, dançam e até declamam versinhos em honra da garrucha, da erva-mate e outros gauchismos. Um dos poemas prediletos é "Chimarrão", do tradicionalista Glauco Saraiva, que tem estrofes como: "E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no meu chimarrão/a velha hospitalidade da gente do meu rincão." (bem, tirando o machismo do seio moreno, passando de mão em mão, até que é bonito).
Esse regionalismo exacerbado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentir superiores ao resto do País.
Não é verdade - mas poderia ser, a julgar por alguns dados e estatísticas.
O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU, do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE e o da população mais longeva da América Latina, (tendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevidade), segundo a Organização Mundial da Saúde. E ainda tem as mulheres mais bonitas do País, segundo a Agência Ford Models (eu já sabia!!! rss).
Além do gaúcho, chamado de "machista", qual outro povo que valoriza a mulher a ponto de chamá-la de prenda (que quer dizer algo de muito valor)?


Macanudo, tchê. Ou, como se diz em outra praças: "legal às pampas", uma expressão que, por sinal, veio de lá.
Aos meus amigos gaúchos e não gaúchos, um forte abraço!




domingo, 1 de abril de 2012

ECONOMISTA por Everaldo Leite



O economista precisa ser um estrangeiro olhando para o seu próprio país, cada vez que necessita analisar friamente a conjuntura nacional ou determinados fenômenos em um específico setor. O economista, portanto, deve ser um consultor pragmático de feições gélidas, apontando, às vezes, saídas impopulares. Talvez por isso, por uma questão de aparência e não de essência, seja o mais incompreendido dos profissionais e muitas vezes, seja apontado como “maldito” pela sociedade, por empresários e por muitos políticos. Para eles, o economista é um chato.

O economista já foi acusado de dar seis soluções distintas para um mesmo problema, sendo que cada uma levaria a seis efeitos diretos diferentes, e outros seis colaterais. Já foi acusado, também, por Thomas Carlyle, de ser o arauto de uma ciência sombria, pois está sempre envolvido em assuntos funestos, e é mesmo fácil ligar a sua figura a coisas negativas como crise, inflação, recessão, depressão, quebradeira etc. Inclusive, não seria insensato, hoje, se medir a qualidade de vida de um país pelo tanto de vezes que o nome de um economista é pronunciado nos jornais. Um tipo de índice que prognosticaria: quanto mais se entrevista economistas, pior está o país. Agourento, o economista é tido como uma figura sinistra.

O economista já foi julgado e condenado mil vezes mil vezes por causa de algum plano malfadado ou pelo “simples” motivo de ter mandado confiscar algumas poupanças. Ele é apontado, não raramente, como defensor de políticas econômicas restritivas ou como protetor dos fortes e “opressores” capitalistas. Diz-se pelo mundo que o economista não pensa no social. Que não está aberto para negociação com os movimentos sociais. Que não liga para o meio-ambiente, onde sobrevivem felizes os micos-leões-dourados, as baleias-jubarte e os índios caiapós. Que o economista está sempre pessimista frente às novidades que ferem a sua ortodoxia. Que o economista é um desumano.

Aos cinquenta e oito anos de profissão, e duzentos e cinquenta de ciência, o economista ainda não aprendeu a ser benevolente frente a tanta ingratidão. Ainda bem. Deixada às moscas, a sociedade já teria sucumbido às mais intensas guerras e ao espírito irracional do “é meu!”. Sim, porque é o economista que mostra que, face à escassez de recursos, as escolhas são difíceis, que existem oportunidades e seus respectivos custos. É o economista que apresenta à sociedade, aos empresários e aos políticos a ideia mais racional de suas escolhas, que não se resume em suas preferências – que levaria à conflagração brutal –, mas também, e especialmente, em suas restrições orçamentárias. O economista, na verdade, é a virtude e a sociedade sem ele, como diria Nietzsche, seria “a calamidade”.

Pode-se dizer que o economista, como naquela música do Cazuza, vai sobrevivendo, sem um arranhão, da caridade de quem lhe detesta. Isso porque ele é obrigado a lembrar todos os dias ao seu empregador – seja governo ou empresa – que o mundo não flui em leite e mel. Sociólogos podem dizer “coitadinhos dos pobres”, juristas podem indagar “cadê o direito dos pobres” e historiadores podem exclamar “os pobres se dão mal na luta de classes, são oprimidos”. Mas o economista não, ele precisa formular mecanismos, dentro do sistema e da democracia, para que a distribuição de renda seja melhorada e para que haja maiores oportunidades de ascensão. O economista tem que medir o uso dos quatro elementos da natureza, equacionando-os ao uso do capital e da mão de obra, e ainda, por fim, tem que medir o impacto disso micro e macroeconomicamente. Ufa!

E dizem que o economista é desumano. Desumana é a inflação, o maior imposto que o pobre poderia pagar pelo seu alimento, pois disso não há contrapartida, somente corrosão do poder de compra do seu salário. É bom lembrar como, nos anos 1990 – depois de uma década perdida, envolta em crise fiscal, com dívida externa na hora da morte e super-ultra-mega-inflação –, uns economistas planejaram e ajudaram a implantar um bem-sucedido plano de estabilização que até hoje mantém as bases do sistema brasileiro. Ruim é escutar, hoje, o cancã cantar: “mas esses economistas só pensam em estabilidade?”. Pior é ver o economista, que poderia ficar indiferente à vozearia, responder: “não, meu filho, pensamos nos ganhos e nas perdas da sociedade!”. A profissão do economista não é a de ser mãe, mas, mesmo assim, ele padece no paraíso.

Sair da armadilha de uma inflação super-indexada e, ao mesmo tempo, instituir um plano de estabilização monetária, é somente um dos exemplos clássicos da importância do economista para a sociedade. O economista calcula tudo e sua formação filosófica, ética, matemática, teórica e trans-disciplinar, o coloca em situação privilegiada entre os outros profissionais, podendo flexibilizar-se entre a consultoria e auditoria de empresas e a tecnoburocracia do setor público, podendo também se especializar em projetos de viabilidade econômico-financeira e ministrar aulas e pesquisas nas faculdades. Além do quê, sua fertilidade de ideias ganha dimensões práticas muito mais sofisticadas e avançadas que a materialidade das teorias conservadoras dos administradores-robozinhos. Não preciso dizer, o economista é um provocador. 

Por fim, o economista ainda tem tempo para escrever sobre suas experiências e seus sutis pensamentos, transmitindo informações importantes a outros economistas e outros interessados, quando poderia estar escrevendo seu testamento (já que tantos querem matá-lo). E, pelos bares e becos, afirmam ainda que ele é um pessimista. Que nada, o economista, como está sempre em busca de soluções para as incongruências do sistema, dos setores e das organizações, se mostra um otimista em relação ao futuro da sociedade e ao próprio futuro.  Ele sabe que é insubstituível como profissional e, está cada vez mais claro, como pensador desta área das ciências sociais. Na verdade, o economista não se acha, ele é.